Uma Má Temática?
´´Em ciência, quando o comportamento humano entra na equação, as coisas se tornam não-lineares. É por isso que a Física é fácil e a Sociologia é difícil...´´ - palavras de Neil deGrasse Tyson, um físico e também astronômo. Frase sugerida-me por Guilherme Olímpio Fagundes.
Bom, não poderia eu, como típica estudante de aptidão para as Ciências Humanas, concordar com tal afirmação que infira a Física como fácil... É, porém, notável a citação, e sua equação entre Humanas e Exatas - que são o que eu chamaria, em piada interna e leiga, de ´´máximos denominadores incomuns´´! Einstein relativizou o tempo; Newton enxergou o que haveria mascarado na ideia da maçã que caía; Pitágoras fez Trigonometria; e Stephen Hawking chegou o mais perto que ninguém de explicar a origem de nosso Universo. Há filosofia na Matemática e na Física! Lembro-me até mesmo de nosso professor Gerlei Soares falando sobre como tantos grandes filósofos da História foram também eles matemáticos, como René Descartes! Afinal, a reflexão inicia quaisquer ciências, teorizações, descobertas, não? E creio que, se há uma pauta de estudo que melhor comprove isso... Essa é o Relativismo. Na Física, o Relativismo havendo sido um dos últimos temas de meu ensino médio, e tema o qual gera grandes e tão profundos questionamentos a cerca da passagem pelo tempo e pelo espaço... O Relativismo é pura filosofia, assim eu sempre o vi, e fascinei-me pelo assunto. E Relativismo, em tese distinto do de Albert Einstein, Relativismo esse que também há na Antropologia, em oposição à perspectiva unilinear do´´Universalismo´´ etnocentrista...
Já li por aí algo como: ´´Umx físicx diz estudar a famosa Teoria da Relatividade, e umx filósofx diria estudar a relatividade das teorias!´´. Nós de Humanas até viemos memorizando datas, nomes, mapas, relacionando ideologias, políticas, economias, e estudando culturas, guerras e revoluções... Mas somente, creio eu, no momento em que nossxs colegas de Exatas caminhavam para o Relativismo, pois que o óbvio escancarou-se... Nossa filosofia e nossa sociologia já são a mais genuína Física Moderna! O Bóson de Higgs já se mescla com minha poesia... Inocentes que somos, mal nos damos conta de que as letras das incógnitas algébricas são as mesmas letras que tecem as grandes obras da Literatura. No parecem mundos à parte, entretanto. Mal temos a percepção de que os mesmos compassos dos quais geógrafxs se utilizam para traçar fronteiras geopolíticas e mapeamentos cartográficos, são os mesmos compassos os quais também usam matemáticxs para traçar suas bissetrizes angulares. E similares bissetrizes a ângulos das pernas de nossxs colegas lá da área das Artes, bailarinxs - e seus... ´´Compassos´´?! - e ironias como a machadiana, já mescladas a metáforas daquelxs da exatidão...
Matemática e Sociologia já são átomos de um mesmo organismo (porém não, leitorx, não sou fã de Comte e Durkheim...). E se cada descoberta de ambas fosse como um próton ou elétron, cátion ou ânion...? Pessimismos machadianos, e otimismos. Energias vagueam entre as áreas do conhecimento. E, a esta altura, a se lembrar de que sou a estudante das de Humanas aptidões, pois que me sejam permitidas minhas metáforas, livres como são. É curioso como, na poesia, seja possível que digamos, em exemplificação, ´´Não é o Sol o centro deste Universo´´, e se seja intensamente aplaudidx!
Por vezes escrevi a respeito da Filosofia, da Sociologia, até para a professora Miriam Prazeres, e fui eu uma inocente ao renegá-las nas disciplinas numéricas... Mais que um jogo com regras cegas, a Matemática, percebo agora, sempre foi uma filósofa: vem a Matemática também a nos ensinar que problemas têm uma solução; mais de uma linha de raciocínio pode ser aplicada para que se chegue à resposta final; que equações designam o equilíbrio e inequações a desigualdade socieconômica...; demonstra-nos que possibilidades e probabilidades existem! Assim, não soa de fato tão ingênuo o dizer de que talvez ambas as áreas sejam frações de um mesmo todo, sejam ângulos complementares (complementares a se formar noventa graus, e suplementares até o cento e oitenta!)?!
Ao se considerar o relativo, as regras rígidas e lineares caem por terra... Eu acredito que, mais que ensinar Física Moderna, o Relativismo nos instiga mais ao pensar, ao refletir, ao questionar. E, posso estar enganada - como leiga na área -, na ausência de regras rígidas lineares (Ou não, pois trata-se isto de Literatura e liberdade, não de cálculos!). Talvez essas áreas, cada qual com sua respectiva singularidade, sejam mesmo como retas paralelas: Jamais se cruzam... Entretanto seriam mais semelhantes do que e supõe?! Em breve momento, falei sobre ao professor Gerlei Soares; contudo, naquela ocasião, professor, sequer tive boa oportunidade de explicar-lhe bem o que quis dizer de fato: Não houve aula como a aula sobre a Teoria da Relatividade! Aquela aula foi uma honra. E o baile de formatura infelizmente não era o local de estudos propício para uma roda de debate entre mestres e estudantes a respeito de Einstein... Embora, talvez, há quem diga que a Matemática não seja uma... Má temática.